CINEMA NOIR

NEO-NOIR- CIDADE DAS SOMBRAS 1998

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O EXPRESSIONISMO ALEMÃO

 O EXPRESSIONISMO ALEMÃO

Landschaft mit Kühen und Kamel - 1914




O expressionismo alemão foi um estilo cinematográfico cujo auge se deu na década de 1920, que caracterizou-se pela distorção de cenários e personagens, através da maquiagem, dos recursos de fotografia e de outros mecanismos, com o objetivo de expressar a maneira como os realizadores viam o mundo.


                O expressionismo, nascido na Alemanha no final do século XIX, é maior que a ideia de um movimento de arte, e antes de tudo, uma negação ao mundo burguês. Seu surgimento contribuiu para refletir posições contrárias ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através de obras que combatiam a razão com a fantasia. Influenciados pela filosofia de Nietzsche e pela teoria do inconsciente de Freud, os artistas alemães do início do século fizeram a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional.            
O Expressionismo, cuja origem podemos remontar a fortes evidências em Van Gogh.2 O expressionismo alemão, que se estendeu por quase todas as artes como o cinema, a pintura e caracteriza-se pela distorção da imagem (uso de cores vibrantes e remetentes ao sobrenatural), do retorno ao gótico e a oposição a uma sociedade imersa no desolador cenário do racionalismo moderno pregador do trabalho mecânico. As vibrantes e alucinógenas pinturas expressam um desligamento com o real, a prioridade do "eu" e sua visão pessoal do mundo


Tal identidade de uma arte de crise se intensifica ao coincidir com a instalação da frágil República de Weimar após uma catastrófica guerra perdida e um humilhante Tratado de Versalhes que arruinou a nação alemão que contribuiu para, então, não só formar uma nova proposta de postura estética mas também uma moral de enfrentamento das autoridades (foi por essa razão que os nazistas consideraram o expressionismo uma arte decadente). O Nazismo e a própria Segunda Guerra Mundial vieram a destruir muitas destas obras.

Poesia
A reivindicação alemã dos poetas fez surgir uma nova poesia que chegava a desprezar a tradição poética alemã, fazendo uso de metáforas, verbos incisivos, neologismos e versos independentes do posterior e do anterior. Jakob Van Hoddis em Weltende (Fim do Mundo) (1911):"O chapéu voa da cabeça do cidadão,/ Em todos os ares retumba-se gritaria./ Caem os telhadores e se despedaçam/ E nas costas — lê-se — sobre a maré. / A tempestade chegou, saltam à terra/ Mares selvagens que esmagam largos diques./ A maioria das pessoas tem coriza./ Os trens precipitam-se das pontes". Há também a tragédia,em forma de clamores e sofrimentos na poesia "Schwrmut" (Melancolia)(1914) de August Stramm:"Avançar almejar/ Vida anseia/ Arrepiar gregoriano ficar/ Procurar olhares/ Morrer cresce/ O vir/lurdi Gritem!/ Profundamente/ Nós/ Emudecemos" Pelo fato da maioria dos poetas do movimento terem sido de origem judaica, quase nenhum sobreviveu à Segunda Guerra Mundial.
 
Cinema

Com Metrópolis (filme) (1927) de Fritz Lang,O gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene, Nosferatu, uma sinfonia de horrores (1922), de Friedrich Wilhelm Murnau, uma nova forma de cinema surge, com temas sombrios de suspense policial e mistério em um ambiente urbano, personagens bizarros e assustadores, uma distorção da imagem devido a uma excessiva dramaticidade tanto na atuação quanto na maquiagem e cenografia fantástica de recriação do imaginário humano. A influência dos expressionistas do cinema se fez sentir em Hollywood, tanto na temática quanto na linguagem, inclusive porque muitos dos diretores alemães de então migraram para Hollywood e lá realizaram filmes. O cinema é a forma mais lembrada do expressionismo alemão.


Aos Emudecidos

Oh, a loucura da cidade grande, quando ao entardecer
Árvores atrofiadas fitam inertes ao longo do muro negro
Que o espírito do mal observa com máscara prateada;
A luz, com açoite magnético, expulsa a noite pétrea.
Oh, o repicar perdido dos sinos da tarde.

A puta, em gélidos calafrios, pare uma criança morta.
A cólera de Deus chicoteia enfurecida a fronte do possesso,
Epidemia purpúrea, fome que despedaça olhos verdes.
Oh, o terrífico riso do ouro.

Mas quieta em caverna escura sangra muda a humanidade,
Constrói de duros metais a cabeça redentora.


Trad. Cláudia Cavalcante


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